Fiódor Mikhailovich Dostoyevsky é um autor dono de uma complexidade ímpar. Na verdade, fruto do seu tempo. Nascido em 11 de novembro de 1821, Dostoyévski vivenciou um período muito intenso no mundo, mas especificamente na sua pátria, a Rússia, as coisas não estavam nada fáceis. Posto que o país vivia em uma crise política extrema dos Romanov, sendo um intelectual engajado, Dostoyévski não se continha diante dos efeitos do czarismo sobre o povo, o que lhe rendeu uma condenação a trabalhos forçados. Impressionado e indignado com questões sociais graves, nosso autor acaba sendo imerso em uma série de impressões sobre o mundo, as pessoas e, claro, a política e a filosofia, de forma muito singular. Isto viria a influenciar de maneira bem intensa toda a obra do autor, a quem o eixo psicológico das suas personagens passou a ditar o ritmo da sua obra. Vale a pena conferir não apenas Crime e Castigo, mas obras pontuais, nas quais o autor critica o niilismo da sua época (a exemplo de Os Demônios, 1872).

Crime e Castigo, publicado originalmente em 1866 retrata em profundo tom de resiliência, a trajetória de Rodion Românovich Raskólnikov, um jovem estudante de Direito periférico vivendo na, pelas suas condições à época, caríssima São Petesburgo. Assomado pela sua condição (e prestes a ser despejado) Rodion vê aos poucos as suas opções se limitarem, até decidir matar Alyona Ivanovna, descrita, pelo autor, como uma velha mesquinha, exploradora: um ser humano inútil. O autor frisa ainda que, à guisa de garantias, Alyona costuma reter objetos pessoais daqueles a quem explora, sendo simbolicamente posta como sendo um ser humano cuja morte não apenas seria um evento insignificante (e até mesmo esperado, dado ela se dedicar à agiotagem) como também necessário, já que, em algum nível, Alyona é também a condensaçáo de um mal social.

Rodion, com um ímpeto quase justiceiro, decide então investigar a rotina de Alyona com o objetivo de encontrar o momento mais propício para por em prática o seu plano homicida. Definido o momento oportuno, não foi difícil para o nosso autor perpetrar o crime: a velha Alyona já o tinha como cliente antigo, não ofereceu nenhuma resistência para deixá-lo adentrar a sua residência. No momento em que ela lhe dá as costas, com um machado Rodion finaliza o serviço e algo inesperado acontece: a irmã de Alyona, Lizaveta, entra de surpresa no quarto e também é assassinada. O segundo homicídio, no entanto, não está previsto – e Lizaveta é descrita como uma jovem ingênua e completamente inofensiva, se opondo à visão opressora de Alyona.

É neste ponto que o crime começa a pesar sobre a auto percepção de Rodion sobre si mesmo. Os anseios e as angústias, e mesmo a incerteza sobre as reais intenções que o motivaram a matar até mesmo a inútil Alyona, começaram a pesar e, aos poucos, forçam a ruir o castelo pessoal de Rodion, que, consumido pelo remorso também nos brinda com poderosos diálogos internos sobre temas como violência, medo, religião, redenção e justiça social.

Não. Crime e Castigo não é uma obra simples de ler (este editor que vos fala mesmo à muito custo leu – embora ainda sinta a necessidade de reler para compreender melhor todos os panoramas apresentados) mas a sua leitura serve como excelente exercício de alteridade, para que possamos nos conectar também com questões que se levantam sobre moral, respeito, excepcionalidades e a importância da vida face a sociedade que a consome, em alguns momentos. Dostoyévski nos faz pensar sobre o que é a justiça e até que ponto vale a pena esperar a justiça dos homens em vez da divina. Pensar sobre nossos anseios e o que podemos ou não abrir mão para ter uma vida digna. É uma obra que soma muito à vida do leitor.

E aí? Topa o desafio?

Nº de páginas: 614Tipo de Arquivo: .PDF.
Editora: Editora 34. Link para Download
Idioma da obra: português.Disponível para Kindle? Sim.
Adaptação para TV/Cinema: Não.OBS:

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Post atualizado em 20.06.2025 na lua Minguante.


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