O século XIX foi um período em que o cientificismo, a crença na ciência sobre a crença despontou com força total. E foi neste contexto, de muito brutalismo e conflitos, que nasce, em 1845, José Maria de Eça de Queiroz, na cidade portuguesa de Póvoa de Varzim, em um local central, chamado Praça do Almada. Parecia destinado a escrever sobre a vida social e temas que iriam chocar as pessoas do seu tempo: Eça de Queiroz nasceu, não em um hospital, como era de se esperar, mas em uma casa comum, pertencente a um parente da sua mãe, Carolina Augusta Pereira D’Eça, que engravidou antes do casamento, sendo isto considerado, na época, inadmissível e imoral.
Esta aura de clandestinidade parece que perseguiu o autor ao longo da sua inspiração literária: o autor desenvolveu o gosto por retratar não o glamour histórico dos grandes eventos e da Glória de Portugal, embora tivesse poderosas referências, a exemplo de Luís Vaz de Camões, o maior expoente da literatura lusitana e em Língua Portuguesa até hoje.
Não é nada confirmado, mas alguns biógrafos do autor afirmam que provavelmente seu gosto pelas relações humanas e as polêmicas quase sempre retratados em obras como Os Maias (1888) e O Primo Basílio (1878) tenha origem na sua infância distópica, na qual teria, inclusive, sofrido abusos por cuidadores, especificamente por uma prima, tendo vivido muito pouco, ao que se sabe, na casa dos seus pais, tendo a maior parte da infância vivido entre a casa dos seus avós maternos e paternos, ou em colégios internos, para enfim adquirir a maioridade, tornando-se Bacharel em Direito pela universidade de Coimbra.
Eça não era filho único, embora tenha sido o mais ilustre dos sete irmãos. A sua carreira literária começa oficialmente em 1866, quando mudou-se para Lisboa, para escrever e atuar como professor e jornalista. Nesta função, seu trabalho foi bastante prolixo, tendo dirigido o conhecido O Distrito de Évora, jornal local, bem como contribuído com diversos outros periódicos mais ou menos conhecidos na sua época.
As inspirações de Eça vieram também desta sua fase adulta como escritor, professor e advogado. Dado a aventuras, conheceu o Oriente, um contexto cultural ainda considerado exótico no seu tempo. Visitou o Egito, quando viu a inauguração do famoso canal (1869). Desta viagem de seis semanas, em companhia do seu futuro cunhado o Dom Luís de Castro, aproveitou experiências as quais foram plasmadas em algumas das suas obras mais conhecidas: O Mistério da estrada de Cintra (1870) e A Relíquia (1887).
Após sua estadia como autor, professor e advogado, Eça de Queiroz inicia a vida pública em 1870, com o cargo de “administrador do concelho de Leira”, na cidade homônima, experiência que serviu para inspiração de O Crime do Padre Amaro, de 1875. Eça de Queiroz ainda foi cônsul em Havana, bem como na Inglaterra, em Newcastle e Bristol, período em que foram produzidas a maioria das suas obras.
A última obra de Eça foi A Ilustre Casa de Ramires, o Fidalgo (1900) quando o amadurecimento da sua verve literária encontrou a complexidade de uma narrativa profunda e psicológica, que se distancia dos primeiros romances cheios de polêmicas e reviravoltas extremas.
Eça morreu em 13 de agosto de 1900, em Paris, provavelmente de enterocolite, doença que diagnosticou e buscou tratar, em vão, ao longo daquele ano. Eça foi sepultado em Lisboa, em 17 de setembro de 1900, tendo seu cortejo fúnebre recebido honras de Estado, sendo sepultado no Jazigo dos Condes de Resende, sendo aprovada a transferência dos seus restos, em 2020, o que só seria autorizado, de fato, em 2024, após uma intensa briga judicial com seus bisnetos, para o Panteão Nacional, local onde ficam depositados os restos dos grandes vultos da pátria portuguesa.
O estilo de Eça de Queiroz.
Em literatura, compreendemos que Eça de Queiroz se enquadra na escola Realista da literatura. Algumas de suas obras-mor, O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio são verdadeiras joias que representam a realidade da sua sociedade e demonstram toda a natureza humana por parte das convenções sociais.
Como autor do Realismo, é possível verificar em muitos dos seus escritos o aspecto do romance-tese, que leva também a identificar nas suas características narrativas influências do Naturalismo, já que acredita também na influência biológica, social e psicológica nas ações desempenhadas pelos sujeitos no convívio social. Estes dois aspectos – romance-tese e dissecção da realidade – são bastante marcados em todas as obras de Eça, mas com seu amadurecimento como autor, percebemos também características literárias mistas, como o idealismo e a crítica social, presentes principalmente em As Cidades e as Serras, obra que marca esta percepção de Eça de Queiroz sobre o mundo como é e como deveria ser.
Conheça mais de Eça de Queiroz a partir da seleção de obras que destacamos como celebração do nascimento deste grande nome da literatura portuguesa, com forte influência no Brasil!
Sem sombra de dúvidas, Eça soube construir, como poucos, um retrato fiel do seu mundo, contemplando inúmeras referências e se tornando um dos autores mais relevantes do século XX. Deixe um comentário sobre a importância deste autor, comentando suas obras e se você recomenda mais algum dos livros elencados.
Ah! Até a próxima e não se esqueça de conhecer a nossa comunidade!

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